A palavra dengo, de origem banta, é um pedido de aconchego no outro em meio ao duro  cotidiano. Esse aconchego perpassa pelas diversas noções da palavra amor. Em seu novo solo, a AfroDrag Barbárie Bundi criada pelo multiartista Thiago Romero mergulha na construção da afetividade negra, principalmente na afetividade LGBTQIAP+ preta. 
A partir da pesquisa aquátika, Barbárie, lança mão de uma narrativa ficcional para traçar uma  busca pela afetividade negra, através de músicas, histórias cotidianas, ritualidades das religiões  de matriz africana, poesia e performance. Na história, Bárbárie vem da Lua em busca de um  amor que voltou à Terra na Bahia no século XXI. Neste retorno, o encontro da dragqueen com o  mundo contemporâneo faz com que ela prepare em canções essa declaração de amor e ao  mesmo tempo, essa problematização sobre o amor.  
Dengo - Uma Carta para o Amor Preto é uma obra cênica virtual, a partir do encontro de dois trabalhos realizados durante a pandemia pela artista, que em  sua proposta cênica intersecciona as canções de EP Aquatika, depoimentos da websérie Chamego e também com textos imersivos sobre a ideia de raça na afetividade criados por Daniel  Arcades. A proposta lança mão de uma estética afro-futurista como disparate para um encontro  de corpos negros e um chamado a afetividade entre estas matérias. Dengo é um chamado  ancestral p’rum aconchego. 
A afrodrag tem aparecido na cena local como uma persona transversal em múltiplas linguagens  artísticas e também no universo do entretenimento. A motivação de sua existência é pautada  em fundamentos estéticos afro-diaspóricos e numa poética que busca no som a poesia dos  cânticos ancestrais e populares de comunidades nativas brasileiras e afro-diaspóricas aliado à  cultura pop, elemento tão difundido dentro do universo LGBTQIA+.